Recentes ocorrências de abigeato, crime que consiste na subtração de animais para o abate, têm chamado a atenção da comunidade de Fazenda Vilanova. Segundo o presidente da Câmara de Vereadores do município, Marcos Adriano Lerner (PDT), foram cerca de 20 casos em 2016 e 2017, deixando prejuízos financeiros aos criadores. Para discutir o assunto, Lerner convocou uma reunião com os produtores lesados, para a tarde desta segunda-feira (19), na sede do Poder Legislativo.

Compareceram pessoas que sofreram abigeatos em suas propriedades nos últimos anos. A maioria fez Boletim de Ocorrência, mas não teve os animais recuperados. Entre os presentes estava Armando Driemeyer, 81 anos, dono de 360 bois. “Tá tão difícil. Provavelmente levaram o gado da minha fazenda para comer no presídio de Santa Cruz do Sul. Eu tenho certeza disso”, denuncia o idoso. Segundo ele, pessoas procuraram a sua propriedade, ainda em 2017, em busca de peixes e dizendo que seriam levados para o presídio – o que desperta a sua crença.

“Liguei para o Presídio de Santa Cruz do Sul. Queria saber a origem da carne que é consumida lá. Responderam que era fornecida por populares. Aí eu respondi para o policial do presídio, dizendo que ele poderia ajudar a comer a carne roubada. Eu não tenho mais medo da polícia”, diz. Driemeyer revela que ele e sua família estão sendo ameaçados nos últimos dias.

“Estão me ameaçando. Furtaram dois tratores da minha propriedade e fizeram a minha família refém. Carregaram tudo o que deu para carregar. E não tem rastro nenhum. Desde o ano passado, perdi cinco tratores. Isso aí me preocupa muito. Eu sou um dos homens mais penalizados da região”, argumenta Driemeyer. O idoso não sabe se vai continuar com a atividade, mas pretende se engajar na mobilização local.

Produtores e vereadores estavam da reunião. A polícia teria sido convidada, mas não compareceu (Foto: Natalia Ribeiro)

De acordo com o presidente da Câmara, Marcos Lerner (PDT), que convocou o encontro, a economia do município é prejudicada pelo crime. “Os casos de abigeato desmotivam o agricultor e o município, que deixa de arrecadar”. Lerner acredita que a falta de policiamento atraia os criminosos. Moradores estimam que dois policiais militares façam o trabalho ostensivo, atendendo ainda a Bom Retiro do Sul.

Em alguns casos, os animais são mortos e cortados dentro da propriedade, ficando apenas a cabeça. Outras vezes são levados sem deixar rastros. Agricultores presentes na reunião cobraram mais rigor na fiscalização de mercados e açougues das redondezas. As demandas apresentadas no encontro serão levadas ao conhecimento do Ministério Público (MP), por meio de uma comitiva de produtores. Ainda não há estimativa de perda financeira com os casos.