Hospital Bruno Born, de Lajeado, reduz em 30% número de infecções na UTI
18/06/2018
Por Clic Paverama
Em Saúde e Bem-estar
Até bem pouco tempo atrás, liberar o acesso de visitas de familiares internados na UTI de um hospital era impensável. Afinal, em uma situação de saúde delicada, em um ambiente propício a infecções, permanecer com acompanhantes durante todo o período de internação seria arriscar de forma desnecessária a recuperação do paciente, certo? Errado.
É o que mostram os resultados de um programa realizado no Hospital Bruno Born e em outras 120 UTIs do país, que, desde dezembro de 2017, participam do "Projeto Colaborativo Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil". O trabalho visa melhorar a qualidade de atendimento do paciente, a redução do risco e do número de infecções geradas durante a internação.
A liberação de visitas é apenas uma das medidas tomadas pela equipe que, claro, repassa aos visitantes algumas informações para evitar contaminações. Além disso, facilitar o acesso às informações dos pacientes para os familiares, tornar a permanência na UTI um pouco menos dramática e orientar a higienização das mãos – além de algumas outras ações técnicas – levaram o HBB a registrar um número extremamente positivo na redução de infecções (30% a menos em comparação com períodos anteriores) e na satisfação de pacientes e familiares.
Meta audaciosa:
O médico intensivista Fabio Cardoso, coordenador da UTI Adulto, explica que o projeto do Ministério da Saúde reúne, além do HBB, outras 120 UTIs do país. O objetivo é a redução de infecções de pneumonia e as causadas pelo uso de cateter e sondas. "A meta é audaciosa: reduzir 50% dos casos em um período de 36 meses."
Segundo ele, dentro das medidas estão o cuidado não só do paciente, mas também das famílias, com mudanças técnicas e culturais. Os resultados de satisfação são medidos através de observações de pacientes e familiares, mas também através de pesquisas.
Cardoso explica que a presença de familiares no local de tratamento reduz a taxa de delírio de pacientes (o que ocorre quando ficam por muito tempo sozinhos, dentro do ambiente fechado da UTI); de estresse pós-traumático, o uso de medicação e até mesmo o tempo de internação.
"Ganhamos em muitas outras coisas. Foi possível colocar mais um horário para atendimento de familiares, que participam da discussão sobre as formas de tratamento. Tem sido muito bom. Há menos tensão no ar."
Bancário, Sidnei Silveira Paz (58) era só alegria na tarde de terça-feira, poucas horas depois de deixar a UTI, onde foi tratado após sofrer um infarto. Já no quarto, acompanhado do filho, Diego, não conseguia deixar de agradecer e elogiar a equipe que o recebeu. "Eu até quero escrever uma carta para o hospital. Sei que trabalhar com público é complicado, mas o que fizeram comigo aqui foi incrível", detalha. "Além do atendimento normal, a gente recebe amor. Eles têm amor pelo que fazem. No fundo foi até bom ter vindo parar aqui", brinca. O filho completa: "Não conhecia uma UTI, e me deixaram muito à vontade. Não sei se foi o projeto que fez isso, mas receber a atenção e a segurança que recebemos nos deixou muito à vontade. Nos tranquilizaram, tiraram um peso."
O projeto:
O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) é uma ação do Ministério da Saúde (MS). OS 120 hospitais selecionados no país recebem uma espécie de tutoria de instituições de excelência – o HBB recebe o apoio do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, neste projeto.
A ideia é suprir as instituições com suporte técnico e metodológico para que possam implementar ou melhorar o seu desempenho na Segurança do Paciente por meio da aplicação de diretrizes de práticas seguras para prevenção de infecção. A meta é alcançar redução de 50% de incidência de infecções em UTIs em três anos. O HBB começou o trabalho em dezembro e já está próximo de alcançar o proposto.
O que mudou no atendimento ao público?
- Cobrança mais intensa na higienização das mãos (pacientes, visitantes, médicos, enfermeiros e técnicos);
- Os boletins médicos, que eram repassados uma vez por dia, agora são divulgados duas vezes por dia (entretanto, em outros horários os médicos também podem conversar com familiares e pacientes, tornando muitas vezes desnecessária a presença no horário do boletim). Enfermeiros e técnicos também podem tirar algumas dúvidas relacionadas ao tratamento;
- Familiares ou acompanhantes agora participam das trocas de informações entre a equipe, fazendo com que todos conheçam o plano de cuidados. Isso também envolveu mudança de postura da equipe profissional;
- As visitas, que se limitavam a dois horários de 30 minutos por dia, agora são liberadas das 12h às 20h (em alguns casos o acompanhante pode ficar 24 horas por dia com o paciente);
- Com a abertura do horário de visitas, o paciente não precisa mais ficar sozinho a maior parte do dia. Acompanhantes de fora da cidade ou região que estão com seu familiar internado não precisam dormir fora do hospital durante a internação.
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