Languiru e parceiros buscam alternativas para pequenos produtores de leite
Lideranças do agronegócio estudam projeto de incentivo à produção e novas oportunidades de sustentabilidade para a pequena propriedade rural.
Por Clic Paverama
Em Agricultura e Meio Ambiente
Preocupada com a sustentabilidade da pequena propriedade, especialmente dos pequenos produtores de leite com dificuldades de produzir volumes que compensem a captação da matéria-prima, a Cooperativa Languiru, com apoio da Emater, de Sindicatos de Trabalhadores Rurais, de Secretarias Municipais da Agricultura e da Sicredi Ouro Branco, estuda alternativas para viabilizar a atividade desses pequenos produtores na sua área de ação. O projeto está em fase de estudo e, após estruturado e concluído, os produtores interessados em participar deverão efetuar sua inscrição junto ao Departamento Técnico da Languiru. Esta oportunidade de participar do programa será dada aos produtores associados à Languiru, bem como àqueles que queiram se associar tão logo o projeto esteja finalizado.
Na primeira reunião do grupo, realizada no dia 09 de janeiro na Sede Administrativa da Languiru, o presidente Dirceu Bayer, acompanhado do vice-presidente Renato Kreimeier, do coordenador do Setor de Leite do Departamento Técnico da Languiru, Fernando Staggemeier, do gerente do Supermercado Languiru, Vitor Dahmer, e do membro efetivo do Conselho de Administração, Flávio João Walter, receberam lideranças do agronegócio para dar o primeiro passo na elaboração do projeto.
“Os pequenos produtores não conseguem reagir diante das dificuldades apresentadas pelo setor, enfrentam dificuldades para realizar investimentos e acabam ficando de fora do processo. A Languiru sempre esteve muito comprometida com as comunidades onde está representada e esse projeto vem ao encontro do nosso trabalho de cunho social. Precisamos unir esforços e oferecer alternativas, auxiliando os pequenos produtores rurais, incrementando o quadro social da cooperativa e absorvendo essa produção”, justificou Bayer na abertura da reunião.
No que se refere à inclusão de novos associados, o presidente adiantou que, inclusive, na Assembleia Geral Ordinária, que deve ocorrer no primeiro semestre de 2017, está prevista alteração estatutária que possa facilitar esse processo. “É uma forma de valorizar o produtor rural, seja ele pequeno, médio ou grande, gerando novas perspectivas de futuro e estimulando a permanência dos jovens no campo. Dessa forma a Languiru cumpre seu papel social de dar oportunidades a todos”, acrescentou.
O vice-presidente Renato Kreimeier frisou a vocação produtiva do Vale do Taquari. “Devemos aproveitar o que temos e sabemos fazer, produzindo o que o mercado consumidor procura. Contamos com grandes possibilidades, considerando a aptidão dos nossos produtores rurais, e um enorme potencial, em especial nas propriedades com a presença de jovens”, mencionou.
Durante cerca de duas horas o grupo discutiu diferentes alternativas de incremento na produção leiteira de pequenos produtores e discutiu novas possibilidades produtivas, entre elas a criação de gado de corte e o plantio de milho. Entre os municípios representados estiveram Teutônia, Estrela, Bom Retiro do Sul, Poço das Antas, Westfália e Imigrante.
Sobrevivência
O secretário da Agricultura de Estrela, José Adão Braun, enalteceu a iniciativa da Languiru. “O pequeno produtor também precisa sobreviver. Precisamos unir esforços, pensar juntos. Há caminhos possíveis e fico entusiasmado com esta proposta”, disse.
O presidente da Sicredi Ouro Branco, Silvo Landmeier, igualmente se mostrou favorável ao projeto. “Com certeza devemos dar andamento a esta proposta. Como cooperativa de crédito, nos colocamos à disposição para apoiar a iniciativa”, frisou.
O economista, consultor em pesquisas e gestão empresarial em propriedades rurais, Lucildo Ahlert, reafirmou a necessidade de discussão sobre novas alternativas para a pequena propriedade. “Precisamos de algo mais e há outras possibilidades, indo além do leite, do frango e do suíno. É preciso organização do setor primário, com planejamento e profissionalismo. Temos muitas alternativas que não necessariamente requerem grandes investimentos. Com cada um fazendo a sua parte, na sua área, este projeto é mais uma grande oportunidade do Vale do Taquari mostrar como resolve suas carências e necessidades”, avaliou.
O secretário da Agricultura de Teutônia, Gilson Hollmann, citou bons exemplos de outros municípios, referindo-se à possibilidade de novas fontes de renda no campo. “O Vale do Taquari possui um enorme potencial de crescimento no agroturismo, na produção de carne, de flores, de milho para silagem, na apicultura. Opções existem e precisam ser estudadas, assim como o incentivo às feiras de produtores, aproximando o produto do nosso campo do mercado consumidor, local e de municípios vizinhos”, disse.
O gerente regional da Emater/RS-Ascar, Marcelo Brandoli, reforçou a aproximação dos profissionais da entidade com o Departamento Técnico da Languiru na orientação aos produtores rurais. “Este é um diferencial da Cooperativa Languiru, que não abandona o pequeno produtor. O projeto é um processo de planejamento do setor primário, preocupado com a vocação e a sucessão das propriedades familiares. Com a integração de todos os envolvidos, tendo na base a Languiru, a Emater, os Sindicatos de Trabalhadores Rurais e as prefeituras, podemos encontrar novas possibilidades”, confirmou.
Em nome da Regional Sindical Vale do Taquari, o coordenador Luciano Carminatti falou dessa realidade da pequena propriedade rural, parabenizando a Languiru pela proposta e pelo Programa de Sucessão Familiar, desenvolvido com jovens associados e filhos de associados. “Paralelamente a essas ações, é essencial a valorização e o pagamento por qualidade da produção, uma forma de estimular todos os produtores de leite, independente do volume da matéria-prima entregue. O estímulo à diversidade produtiva nas propriedades também é uma possibilidade de sustentabilidade na atividade, valorizando o que temos na nossa região, com acompanhamento técnico e orientação aos produtores”, manifestou.
Nesta mesma linha foi o pronunciamento do secretário da Agricultura de Westfália, Vitor Ahlert. “O leite possui uma grande importância econômica e social, mas também é preciso pensar em outras alternativas. Nisso se enquadra, por exemplo, a engorda de animais, cuja venda de carne, hoje, está na mão de terceiros”, resumiu, reafirmando a importância dos jovens para a atividade no setor primário.
Alteração estatutária
Sobre a alteração estatutária da Languiru, ampliando o leque de possibilidades de inclusão de associados com produção, é uma oportunidade que, de fato, depende do interesse desses produtores. “É uma oportunidade que estaremos oferecendo. Estamos iniciando esta caminha com os ‘pés no chão’, mostrando que a pequena propriedade rural é viável, respeitando diferentes pontos de vista. Tenho muita esperança neste projeto”, considera o presidente Bayer.
Nesta alteração do estatuto está, por exemplo, a possibilidade de associação de produtor de milho, que passaria a ter os mesmos benefícios dos demais associados produtores, como o Cartão Azul, que entre outras vantagens oferece auxílio escolar, desconto em farmácia e auxílio pecúlio. “Teremos novos encontros para tratar do desenvolvimento do projeto. Acredito que estamos vivendo um novo momento, importante para o agronegócio”, concluiu Bayer.
Perda de pequenos produtores
O coordenado do Setor de Leite do Departamento Técnico da Languiru, Fernando Staggemeier, revelou que do total de aproximadamente 1,5 mil propriedades leiteiras de associados da cooperativa, um terço delas produz até 100 litros de leite por dia. “A pequena propriedade é importante. No ano de 2016, 124 associados desistiram da produção leiteira. Especificamente em Teutônia, foram 32 associados, e em Westfália, outros 10. Precisamos evoluir na cadeia do leite assim como já ocorreu nos setores de aves e suínos, as propriedades precisam ter condições de acompanhar esta evolução”, alertou.
Entre outros dados, Staggemeier também enumerou que atualmente Teutônia conta com 94 propriedades com produção média de 60 litros de leite por dia, onde a idade média dos produtores associados é de 54 anos. Dessas, 25 contam com sucessão encaminhada, mas apenas 14 atuantes. Em Westfália o cenário é semelhante, com 54 propriedades com média de produção de 55 litros de leite por dia, idade média dos associados em 52 anos, 34 das propriedades com sucessão e apenas nove dessas atuantes.
AI Languirú
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