O guardião da história

Professor aposentado e morador de Santa Manuela, Romeu Kunrath, zela pela conservação de igreja que registra nas paredes consequências da  segunda guerra mundial.

14/04/2018

Por Clic Paverama
Em 13 de Abril

Neste dia 13 de abril, data em que Paverama completa 32 anos vamos republicar uma matéria que apresentar um dos cartões postais da cidade; A Igreja Centenária de Santa Manoela.

Matéria publicada no dia 14/04/2018.

Desta vez vamos contar um pouco da história da Igreja Centenária de Santa Manuela e um dos precursores de nossa história, professor Romeu Kunrath, que conta com empolgação relatos do passado sobre esta igreja que é um patrimonio cultural paveramense.

Na pequena e bucólica Santa Manuela, a seis quilômetros da cidade, mais de um século de história permanece registrado nas paredes da igreja católica São José. Em 19 de março de 1912, era lançada a pedra fundamental por dezessete moradores, conservada até hoje, marcando o inicio da construção do templo.

“Nesses 106 anos muitas coisas aconteceram por aqui”, relata o professor Romeu Kunrath (72), que juntamente com a esposa Noeli, é um dos poucos moradores que teimam em residir por aqueles lados. “Formávamos uma comunidade com mais de seiscentos moradores. Hoje estamos reduzidos a uma dúzia. O êxodo rural acabou levando embora os moradores, principalmente os jovens, que foram para a cidade, restando apenas 14 moradores”, comenta.

Sobre a igreja, Kunrath, que tem as chaves e atua como uma espécie de “zelador”, se emociona cada vez que relata a história do local para os visitantes. “Meu pai que vinha para cá a cavalo desde Maratá, na década de 1940, para lecionar na escola, contava que foi o arcebispo de Porto Alegre, Dom João Becker, quem laçou a pedra fundamental”.

Mas o que mais chama a atenção do templo centenário são as pinturas internas nas paredes e no teto, que são cobertos por figuras celestiais como anjos, flores e espaços tapados por tinta branca, ondem haviam inscrições de salmos e provérbios bíblicos na língua alemã. “Em 1942 veio uma ordem do governo federal proibindo as manifestações em língua estrangeira devido a segunda guerra mundial. Por isso esses dizeres foram pintados com tinta branca por cima e assim permanecem até hoje”, revela.

Somente em um deles é possível visualizar com alguma dificuldade a palavra “ Gerechtigkeit” que significa “justiça” em português. Noutro, devido estar no centro do teto, foi impossível apagar, permanecendo a inscrição Buch Des Lebens ou seja O livro da Vida.  Conforme relatado no livro Paverama Ontem e Hoje, escrito pela historiadora Nair Tereza Jantsch Dupont, o sino instalado numa torre de madeira ao lado da igreja pesa 700 quilos e veio da Alemanha, sendo transportado de trem até Maratá e depois por carroça até Santa Manuela.

A construção do templo levou cinco anos, de 1912 a 1917, tendo como o responsável pela construção um senhor de sobrenome Leitão. Na época a localidade pertencia ao município de Taquari. De acordo com Nair as pinturas na igreja foram feitas em 1925 por João Inácio Rech, conhecido como Irmão Nilo e morador de Hamburgo Velho. Não se sabe que tipo de tinta foi utilizada e que permanece até hoje. “Isso é um patrimônio histórico e enquanto eu viver cuidarei com muito zelo e carinho tudo isso, pois isso faz parte de uma história de muito trabalho e fé em Deus”, conclui Kunrath.

Parte interna da Igreja de Santa Manuela. Créditos: Alício de Assunção.

Pinturas no teto e paredes da igreja. Créditos: Alício de Assunção.

Parte externa. Igreja de Santa Manuela fica ao lado da Comunidade Católica. Créditos: Alício de Assunção.

Alício de Assunção/ O Informativo do Vale