Produtor paveramense investe na produção de Pitaia

O cultivo da fruta nutritiva e pouco calórica ganha espaço na região. Desafio é divulgar seus benefícios e ganhar escala de produção.

20/05/2018

Por Clic Paverama
Em Agricultura e Meio Ambiente

Elédio Pereira Vargas, 49, de Pedra Grande, Paverama, conheceu a fruta em 2016, durante a Expointer. E optou por buscar alternativas para diversificar a propriedade de quase 50 hectares devido à baixa remuneração da madeira e do gado de corte.

No estande da Emater, lembra, a cultura exótica, com formato escamoso, chamou a atenção: era a pitaia. “Resolvi apostar e o retorno é satisfatório”, garante.

Quase mil mudas estão em fase de crescimento, presas a 230 postes de cimento. O investimento chega a R$ 18 mil. A safra iniciou em dezembro e termina este mês. Cada planta rende até 15 frutas. O peso varia de 300 gramas a um quilo. “Com boas condições meteorológicas, é possível ter cinco floradas. Já colhi 300 quilos”, contabiliza.

As frutas são vendidas para mercados da região ao preço de R$ 11.00 o quilo. O consumidor final paga R$ 20.00, comenta. Com boa aceitação, a meta é plantar mil mudas a cada 12 meses e, aos poucos, reduzir a área destinada ao reflorestamento, que hoje ocupa 35 hectares. “O valor do metro cúbico do eucalipto caiu de R$ 50.00 para R$ 38.00 em quatro anos. Já o preço do boi gordo está em apenas R$ 4.00, o que torna a atividade inviável”, lamenta. O plantel foi reduzido de 30 para dez cabeças.

Produção orgânica:

As pragas são controladas com produtos biológicos. O amendoim forrageiro ajuda a fixar o nitrogênio no solo e diminuiu o avanço de ervas daninhas.

A planta é sensível à geada, requer solo arenoso, pouca umidade e áreas com bastante incidência de sol.

O desafio é tornar a fruta mais conhecida do público. “É saborosa, doce e com textura gelatinosa, extremamente benéfica para a saúde”, afirma Vargas.

Sob a casca, que pode ser rosa ou amarela, esconde-se uma polpa vistosa branca ou avermelhada, salpicada de pequenas sementes e rica em fibras, vitamina A e C, além de minerais como ferro, zinco, potássio e manganês.

A pitaia ajuda no emagrecimento, protege o sistema nervoso, aumenta a massa muscular, reduz o colesterol e diabetes, melhora a visão e previne o câncer. “Pode ser consumida in natura, em suco ou geleia”, ensina.

Além dos frutos, Vargas quer se especializar na produção de mudas. “Cada planta rende 250 unidades em um ano”, observa. A muda enraizada custa R$ 15.

Fruta de custo elevado:

Segundo o técnico da Emater/RS-Ascar, Aldacir Pretto, por se tratar de um fruto pouco conhecido e de alto valor comercial, o consumo é restrito a um público com maior poder aquisitivo. “Ao divulgar seus benefícios, conseguimos elevar as vendas, reduzir o preço final e assim estimular a produção”, avalia.

Ao divulgar seus benefícios, conseguimos elevar as vendas, reduzir o preço final e assim estimular a produção.”
Aldacir Pretto, técnico da Emater

Quanto ao cultivo, orienta o produtor a buscar auxílio técnico para fazer análise do solo, adubação, controle de pragas (formigas e vaquinha) e escolha das variedades. O custo para implantar um hectare chega a R$ 60 mil.

A primeira colheita ocorre 18 meses após o plantio. A partir do terceiro ano, cada pé produz até 40 frutas. O peso médio varia de 350 a 400 gramas.

Conforme Pretto, o cultivo não tolera geadas fortes e requer locais com bastante sol. “A flor se abre à noite e necessita de polinização manual”, explica. Após o processo, a frutificação inicia em 40 dias.

Giovane Weber - FW Comunicação/ Jornal A Hora