Temor por coronavírus provoca "uso inadequado de máscaras", aponta infectologista

Máscara cirúrgica deve ser usada somente por pessoas que tenham suspeita ou confirmação do vírus.

30/03/2020

Por Clic Paverama | contato@clicpaverama.com.br | Clic do Vale
Em Saúde e Bem-estar

Quanto mais casos são confirmados no Brasil, mais dúvidas começam a surgir em meio à pandemia do novo coronavírus. Uma delas, em especial, ainda não está bem esclarecida para algumas pessoas. Afinal, pessoas saudáveis devem ou não utilizar máscaras de proteção? Bom, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), uma série de pesquisas científicas demonstrou que o uso de máscaras faciais durante surtos de doenças virais como a causada pelo coronavírus 2019 (Covid-19) só demonstrou ser eficaz para proteger os profissionais de saúde e reduzir o risco de pacientes doentes espalharem a doença.

De acordo com o infectologista da Santa Casa e professor de Medicina da Ulbra, Claudio Marcel Berdun Stadnik, é preciso que as pessoas esqueçam as máscaras e invistam na higienização das mãos. "Notamos que muita gente está fazendo uso inadequado de máscaras e esquecendo de lavar as mãos, por exemplo, sendo que o que mais protege contra o vírus é justamente a higiene adequada", explicou. Segundo ele, o uso correto das máscaras é o seguinte: a máscara cirúrgica, também conhecida como simples, aquela branca comum, deve ser utilizada somente por pessoas que tenham suspeita ou confirmação de diagnóstico pelo Covid-19.

E quem precisa utilizar a máscara, também deve estar atento ao modo de uso correto. Para fazer a retirada, por exemplo, não se deve tocar na parte externa. "Deve-se pegar somente pelas cordas e retirar adequadamente, as pessoas que não têm treinamento pra isso, podem correr o risco de contaminar a própria mão no momento de mexer na máscara, então realmente não é uma coisa que nós indicamos", assinalou.

Sobre a máscara respiratória, modelo N95/PFF2, essa só deve ser utilizada por profissionais da saúde que estejam em contato direto com pessoas infectadas. Qual a diferença entre elas? Conforme o infectologista, a N95/PFF2é mais grossa e, por conta disso, filtra partículas menores e tem uma duração superior à cirúrgica. "É impossível guardar e reutilizar a máscara, porque o vírus vai contaminá-la pelo lado externo e ali vai ficar um foco de contaminação para a pessoa, então as duas máscaras precisam ser descartadas após o uso", reiterou. Com relação à máscara N95/PFF2, o infectologista ainda destacou que é preciso ter bom senso e não acabar com os estoques do produto.

"Na Itália, por exemplo, as máscaras já terminaram. Isso é até perigoso. Se chegarmos ali na frente e não tiver máscara para quando tivermos um número muito elevado de casos, isso vai trazer risco aos profissionais de saúde, isso pode trazer muitos problemas", comentou. Ainda de acordo com ele, a máscara cirúrgica, que é mais simples, teria um tempo de vida útil muito curto, praticamente 30 minutos. Ou seja, para que ela seja eficaz, é preciso descartar a cada meia hora.

"Elas saturam com a umidade, quanto mais a pessoa respira, mais ela satura, então teria durabilidade de 20 a 30min, para que ela  realmente funcione. O profissional de saúde, por exemplo, coloca uma máscara antes de fazer o atendimento. Depois disso, descarta e utiliza uma nova para outro paciente. Para as pessoas que estão usando todos os dias, seria necessário trocar a cada 30min, acaba sendo praticamente impossível de se fazer e a pessoa vai ter que levar a mão na boca, para tirar a máscara, talvez até aumente o risco de contaminação", enfatizou.

Jessica Hübler/Correio do Povo