Psico-Socializando por Henrique Weber

Por onde anda o amor? (sobre as cartas de amor)

“Eu sei que vou te amar/

(por onde andas?...)

Por toda a minha vida eu vou te amar/

(Nesta noite tão escura...)

E em cada despedida eu vou te amar/

(Você me faz me sentir tão especial...)

Desesperadamente, eu sei que vou te amar/

(Teu sorriso, é tão doce o meu querer)

O Amor... esse sentimento que fortalece a cada despedida, que nos coloca em situações que atesta a nossa fragilidade. Viver ao lado do outro, essa necessidade, por vezes, detestável; esse anseio por logo desejado. O Amor é brincadeira que nos une, é força que nos rompe. É a espera tão sentida e sofrida por atar-se, é força avassaladora por matar-se. O Amor está nos versos cantados, ou nos cantos versados, daquele que ama e que prepara todo o seu amor para a sua amada; está nos poetas; está nas cartas de amor.

O Cupido... aquela criança arteira que brinca, irresponsavelmente, de atirar flechas por aí, continua a brincar e deixar a cidade mais feliz. No entanto, parece que estamos deixando de lado a espera, que é algo do viver um grande amor. Esse viver um grande amor, vive dentro do peito, e dele se alimenta de sonhos, de ausências que são doces lembranças, se alimenta de nossas infantilidades (da bobeira que me causas...). Esta espera, onde está?... O Amor só pode nascer da espera. Se não há essa espera, será que há chama? O poeta, aquele que escreve versos, é tão pequeno diante do Amor. Grande mesmo são as letras escritas em longas cartas de amor, páginas e páginas, para um assunto tão importante e pequeno, devaneios que se perdem, mas que são tão carregados de amor. Cartas e mais cartas, dias contados para chegar... por onde anda o amor?

Não existe livro algum que se compare às cartas de amor, anônimas ou não. Este tema, tão importante na humanidade, é tecida através de você, leitora ou leitor, que viveu um grande amor. As cartas de amor, muitas vezes jogadas no lixo, são verdadeiras Obras daquilo que tem o Maior valor. Por isso pergunto, por onde anda o amor, por onde anda as cartas de amor?... Poderia dizer e-mails de amor? Por onde anda a poesia? Poderia dizer “senta, senta, senta” ou “bebo cachaça e vou pegar todas”? A espera tem sido comprimida no seu tempo para algo que não se admite mais. E naquela atenção e zelo que Vinícius escreve no seu poema “Soneto de Fidelidade” ao amor de sua vida, hoje, está sendo reduzida ou indo pro cancelamento. Dentro de um ato de desespero, eu não poderia dizer “devolva-me os e-mails que eu escrevi para você!” Por onde anda o amor?

Afrodite... ah! Essa poderosa deusa da Beleza e do Amor, mulher que anima a libido e a sexualidade de seres-humanos e animais, possuidora de atributos invejáveis. Será que ela foi capturada por alguma armadilha de Hefesto, o deus forjador das armas? Você sabe que ele nunca se recuperou da traição que ela fez, mas também, casamentos arranjados dão nisso, na infelicidade. E todo mundo sabe que ela era apaixonada por Ares, o deus da Guerra. O celular... claro, o celular! Hefesto deve estar tentando conquistá-la e deve ter apresentado esta engenhoca a ela. Afrodite deve estar presa nesta teia de redes sociais, selfies e likes, pois o que está acontecendo com o amor? É o mesmo erro de Narciso, o jovem que desejava a si mesmo e não podia possuir este objeto tão amado. Estamos vendo as pessoas deixarem de se alimentar, de repousar, para ficar contemplando a sua imagem. O que está acontecendo com Afrodite? É... meus prezados leitores... por onde anda o encantamento, nesse mundo de selfies e likes, de auto-promoção, que o que vale é não sair de si mesmo, é contabilizar o número de pessoas que nos deram, talvez, o mínimo do mínimo de atenção... por onde anda?

Eu ando preocupado, meus leitores, com essa geração de smarthphones, pois estão tão narcisizados, a ética deixou de ser do cuidado para se tornar do consumo, e isto vale para o amor. (Queria te dizer, meu leitor, da falta que você me faz...). É sobre esta falta que devemos, talvez, problematizar agora. O que você acha?... ah! não...sim... talvez, eu penso que... não, não sei... sinto que as pessoas não procuram encontrar algo no outro. Elas estão tão preocupadas em encontrar algo em si mesmas. Sinto, meu leitor, que as pessoas tem se perdido, e não entendem o seu pesar ou o seu contentamento. Vivem a angústia contábil da atenção, a solidão de quem não se sente amado. Por isso, meu leitor, quero poder abrir os olhos (esse teu olhar vivo que me cativas...) para um problema do mundo atual: como estamos amando?... Vinícius dizia que o amor não é imortal, pois o Tempo é implacável com o nosso corpo, mas era eterno enquanto durava!

Muitas questões... mas, aproveito para te dizer que você é único e tudo que alguém pode querer. Gosto muito do jeito que você me lê, e gostaria tanto que você escrevesse para mim... a tua companhia é tão importante que nem sei se mereço tanto por sua atenção. Você é uma pessoa tão cheia de qualidades e que nem precisa se esforçar para ser assim... Eu, meu amor, só posso te dizer... que sou o Henrique, a pessoa que ama e que não exige nada de ninguém.

Você conhece aquela música? ... “Meu poeta, hoje estou contente/ todo mundo de repente/ ficou lindo, ficou lindo.../ e hoje, estou me rindo/ nem eu mesma sei de quê/ porque eu recebi/ uma cartinhazinha de você”...Eu acho que é do Vinícius ... e deve se chamar “Minha namorada”. Procura lá no Youtube! Dá uma pesquisada, escreva “minha namorada vinicius de moraes”, vale a pena!

Você ouviu a música? Antes de você continuar lendo, ouça ela. Ouvindo me faz lembrar das cartas de amor... sabe! Nós podemos aprender com esse poetas, mas aprender aquilo que já aprendemos com as nossas mães, ou com nós mesmos, ou com as nossas experiências, com os amores de nossas vidas... eu não posso com essa música sem ceder aos prantos... Vou parar por aqui! Que meu coração está transbordando... esperarei por uma cartinha sua... Desculpe! Preciso parar...

Ah! E antes que eu me esqueça,

Eu Te Amo!

Paverama, 04 de novembro de 2023

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