Branding & Inovação por Felipe Morais

Como será o varejo em 2024?

Como será o varejo em 2024? Com a chegada do fim do ano de 2023, os estrategistas já estão de olho no que vem por ai. O portal Consumidor Moderno trouxe uma pesquisa interessante o qual vou trazer alguns dados e apontamentos, dando a minha visão de estrategista de marcas de como você poderá aplicar cada uma dessas tendências no seu dia-a-dia.

Antes de começar a ler esse artigo, abra a sua mente. Se você começar a ler pensando “ah isso não é para mim, só para empresa grande”, desculpe, nem comece a ler, pois você fatalmente vai se frustrar, isso eu te garanto, mas se você quer crescer em 2024 leia esses dados pensando “putz, isso é o que eu preciso e vou fazer”.

Nenhuma empresa começou gigante, mas as que pensam pequenas, continuam pequenas e perdendo muitas oportunidades. Como será o varejo em 2024? Passa por entender essas oportunidades.

O digital está cada dia mais consolidado, ainda mais no Brasil, um dos países que mais acessam a Internet em todo o planeta, a pandemia mudou comportamentos e deixou ele ainda mais digitalizados, ou seja, cada vez mais as pessoas estão dependentes da tecnologia, se você quer saber o quanto você está dependente, deixe seu celular por 20 minutos em um cômodo da sua casa e vá para outro. Veja como esses 20 minutos vão demorar “20 horas” para passar.

Canais de venda é um ponto muito relevante para o varejo. Devemos vender online? Devemos vender só no ponto físico? Por mais que essa pergunta ainda permeie as decisões de marcas, desde 2013, quando a NRF falou sobre Omnichannel, está cada dia mais claro que é preciso vender nos dois, porém, com a tecnologia atual, não é só vender no site ou na loja física, é preciso ir muito além disso.

Como será o varejo em 2024? No e-commerce as pessoas pesquisam mais, no físico é possível usar experiências sensoriais, Brand Sense, como Martin Lindstrom defende em seu livro de mesmo nome.

"A chance de poder ver, sentir e experimentar produtos representa o principal motivo para que consumidores façam as suas compras presencialmente (71%), com a praticidade de sair da loja com o produto em mãos (71%)”, segundo a pesquisa da Consumidor Moderno.

Uma pesquisa do Mundo do Marketing, por exemplo, aponta para o Facebook como a principal rede para o comercio social, ou seja, as redes sociais podem vender e o contrario do que o mercado tem feito, o Instagram pode não ser a principal rede, até porque, o Facebook ainda tem mais usuários ativos do que o Instagram.

Tecnologia é para ser usada:

Acima falamos do povo cada dia mais digitalizado, ainda mais no Brasil, por isso, é preciso cada dia usar mais o digital. Inteligência Artificial, Machine Learning, Omnichannel, Mídia/Vídeo programático, essas são algumas das tecnologias que não podem, mas devem ser usadas para a sua marca conseguir ser o mais relevante possível para a sua audiência. A palavra que rege o marketing, não é engajamento, mas sim, relevância.

Como será o varejo em 2024? A matéria da Consumidor Moderno (https://consumidormoderno.com.br/revista/varejo-futuro/) aponta para outras tecnologias como: Metaverso, Social Commerce, Live Commerce, MarketPlace, Super Apps e Data Analytics, tudo isso são pilares para a transformação digital, que perdeu um pouco de força no mercado, mas faz muito sentido, e para mim, perdeu um pouco da força porque pouquíssimas marcas sabem como fazer, portanto, é mais fácil deixar de lado e focar no influenciador com muitos seguidores para construir a história da marca, uma das maiores miopias do marketing digital.

Metaverso, em todo o planeta, movimenta bilhões de reais, mas para o brasileiro que acha que a Chef de Cozinha consegue vender perfume, é uma tecnologia que não tem futuro; Social Commerce, o dado do Facebook já diz muito, mas ainda se pensam no post engraçado no Instagram para vender: Live Commerce as marcas acham que precisam chamar uma produtora de cinema, quando na verdade uma câmera de iPhone já resolve.

MarketPlace, de todos os pontos que a pesquisa aponta é o que está mais avançado no Brasil. Para Ricardo Garrido, diretor de Marketplace da Amazon Brasil, atualmente, nosso marketplace conta com mais de 50 mil vendedores. Destes, 99% são pequenas e médias empresas, representando a maioria esmagadora como pequenos empreendimentos. Um dado notável é que 77% das vendas dessas empresas são destinadas a Estados diferentes daqueles onde estão sediadas. Isso significa que, para muitas empresas, o primeiro grande desafio é sair de sua vizinhança e alcançar um público mais amplo. O marketplace é uma solução para isso, permitindo que essas empresas alcancem uma escala muito maior”. 78% das vendas online em 2022 foram feitas em marketplace, se você está fora, você está perdendo muito dinheiro.

Super Apps teve um auge com a Magalu, mas como toda a tecnologia “dá trabalho” e com isso, é deixado de lado, apesar que projetos que eu vejo de Super Apps não passa de um aplicativo com alguns recursos extras, longe do que o conceito defende do que essa tecnologia pode trazer e por fim.

"O Assaí Atacadista lançou "Meu Assaí" com o objetivo de ofertar uma experiência de consumo mais rica e eficiente para os seus clientes, entretanto é uma poderosa ferramenta para  conhecer as preferências dos consumidores, mapear as soluções estratégicas e impulsionar os negócios; é uma ferramenta para entender os hábitos de consumo dos clientes e aprimorar a experiência de compra, unindo o mundo físico com o online", afirma Rodrigo Callisperis, diretor de TI do Assaí Atacadista.

Aqui temos o aplicativo sendo usado como algo que vá além e apenas compra e usando o Data Analytics, a marca vai entendendo o máximo possível do consumidor para ofertar cada vez mais relevância para eles. Como será o varejo em 2024? Relevância é a palavra!

Visão do consumidor:

Aos olhos dos consumidores, não existem canais on-line ou off-line – eles simplesmente têm necessidades de acordo com o momento”, aponta Fátima Merlin, CEO da Connect Shopper.

“É de suma importância que as marcas usem os seus insights de consumo para ofertar produtos e serviços que vão realmente agregar valor aos clientes. Isso nos orienta sempre a ofertar as melhores marcas com preços exclusivos e a entregar uma experiência completa em todos os canais de contato””, afirma. Fernando Boscolo, CEO da Privalia.

O que podemos aprender com esses dois depoimentos? Simples: pessoas tem necessidades e os dados trazem insights dessas necessidades. Como trazer isso para a sua marca? Primeiro, sem ferramentas será impossível.

Segundo, sem pessoas competentes para ler dados, você terá uma planilha linda, mas sem uso e por fim, sem uma pessoa de estratégia e branding, os dados podem ser usados apenas para trazer o influenciador “mais quente do momento” e as vezes, a audiência desse(a) influenciador não está nem ai para a sua marca ou produto.

"70% dos consumidores fizeram compras em lojas físicas nos últimos 12 meses, enquanto 73% deles optaram por consumir on-line, em sites e lojas virtuais. 83% afirmam gostar que as lojas físicas e on-line sejam integradas”, aponta a pesquisa da Opinion Box.

Consumir é algo que fazemos todos os dias. Você consegue ficar um único dia sem gastar nenhum centavo? Sem comprar um salgado para comer pela manhã, sem comprar uma caneta nova que você achou bonita ou mesmo uma camiseta do seu time? Mais fácil ficar um dia sem usar as Redes Sociais do que ficar um dia sem consumir, isso movimenta o mundo, mas é preciso entender que as pessoas consomem, sim, mas há um dado da pesquisa da Opinion Box importante "o valor da entrega de determinado produto é fator mais decisivo para consumidores desistirem de uma aquisição do que o valor da compra”, e o Omnichannel pode trazer esse valor que tanto se espera. E não é valor financeiro, mas sim, valor para cada um.

Omnichannel passou do tempo de você aderir:

Compre na loja online e retire na física. Falar que isso é Omnichannel é a mesma coisa que você ir a uma churrascaria e só comer linguiça. É um começo, sem dúvida, mas é preciso ir muito além de apenas isso. Omnichannel é integração dos mundos, e isso passa por você ter um ERP que permita isso.

Como será o varejo em 2024? Para Cathyelle Schroeder, head de Marketing da Riachuelo, "a era do Marketing 5.0, pautada por dados, agilidade, personalização de experiências e uso de ferramentas tecnológicas como chatbots e assistentes virtuais, demanda também uma humanização do atendimento ao consumidor. É sobre fazer com que a marca seja, além de um canal de venda, um canal integrado de experiência. Essa estratégia já está implementada em 100% das lojas físicas e nos centros de distribuição”, e aqui estamos falando de transformação digital e consequentemente ser o mais Omnichannel possível.

Em 2020, quando lancei meu livro Transformação Digital, bati muito na tecla que o Omnichannel era um dos mais importantes pilares da Transformação Digital, quase em 2024 e vejo que felizmente, eu estava certo.

 Segundo a pesquisa da Consumidor Moderno, "o Grupo DPSP vêm trabalhando o Omnichannel para oferecer uma jornada de consumo mais completa em seus canais físicos, no site e no aplicativo, o que registrou crescimento de mais de 50% no e-commerce e, 2022, foram feitos investimos em novas funcionalidades no app: modelo de fidelidade, ofertas personalizadas e exclusivos em diversas categorias”, aponta Leandro Rocha, diretor de Digital do Grupo DPSP.

O Grupo DPSP, quer ser um verdadeiro hub de saúde, focado em acompanhar, entender e oferecer soluções necessárias para as demandas específicas dos clientes, acima falei sobre o uso dos dados com uma visão estratégica, aqui, vemos a DPSP que além de ter os dados, está pensando no Omnichannel que tem aderência a essência da marca, isso é o que faz a diferença no sucesso ou não de uma estratégia, não é apenas uma tecnologia, mas a tecnologia e o branding trabalhando lado a lado.

Como será o varejo em 2024?

Já deu para perceber que não será nada fácil sobreviver nos próximos anos sem pensar na tecnologia e no branding trabalhando juntos. Esse estudo da Consumidor Moderno aponta para isso. Trouxe outros dados para embasar ainda mais, espero que sua mente esteja pegando fogo, a minha está.

Felipe Morais (@plannerfelipe) é professor e coordenador do MBA de Gestão Estratégica de Ecommerce. Palestrante, autor de livros sobre planejamento digital e e-commerce, já atuou em empresas como Nova.com, Giuliana Flores, DellaVia Pneus, Moda em Atacado. Atualmente é gerente de marketing e e-commerce da Dezak.

Site: www.felipemorais.com