Hora da Saúde Mental por Marina Souto Ferreira

Os riscos de uma geração digital

Vivemos em uma era tecnológica, ela facilitou inúmeras coisas em nossa vida diária, muito mais acesso a informações, mas já pensou em como será o futuro de nossas crianças? Em especial aquelas que na maior parte do tempo se encontram diante de telas (celular, televisão, computadores, entre outros)?

Muito se tem discutido a respeito da utilização de telas para nossas crianças, muitas suposições tendo em vista o que já percebemos de atraso a nível neurológico e social, mas gostaria de trazer uma pesquisa científica que evidencia ainda mais o risco que estamos correndo e acender um alerta. O nome do artigo é: Demência digital na geração internet: o tempo excessivo de telas durante o desenvolvimento do cérebro aumentará o risco de doenças de Alzheimer e demências relacionadas na idade adulta. Pelos pesquisadores: MANWELL, Laurie A. et al. (2022).

Neste artigo, os autores salientam: “Evidências convergentes de pesquisas biopsicossociais em humanos e animais demonstram que a estimulação sensorial crônica (através da exposição excessiva à tela) afeta o desenvolvimento do cérebro, aumentando o risco de distúrbios cognitivos, emocionais e comportamentais em adolescentes e adultos jovens. Evidências emergentes sugerem que alguns destes efeitos são semelhantes aos observados em adultos com sintomas de comprometimento cognitivo leve (MCI) nos estágios iniciais da demência, incluindo comprometimento da concentração, orientação, aquisição de memórias recentes (amnésia anterógrada), recordação de memórias passadas. (amnésia retrógrada), funcionamento social e autocuidado. Sabe-se que o tempo excessivo de tela altera a massa cinzenta e os volumes brancos do cérebro, aumenta o risco de transtornos mentais e prejudica a aquisição de memórias e o aprendizado, que são fatores de risco conhecidos para demência.”

O que chama atenção neste estudo é a conclusão de riscos reais. Talvez não consigamos perceber os riscos e os efeitos das telas de forma imediata, por não serem efeitos visíveis, fáceis de serem percebidos aos olhos. São efeitos a longo prazo, mas com graves prejuízos para o desenvolvimento humano e para as relações sociais.

Vejo nos meus atendimentos os pais preocupados com o uso de telas de seus filhos, percebem as alterações de humor que apresentam, como irritabilidade, alterações do sono, falta de conseguir organizar a rotina, afetando ainda as relações sociais e por vezes sem saber como lidar diante da agressividade dos filhos, dificuldade escolares ou ainda o humor deprimido. Então trago as seguintes orientações:

Reflitam quanto tempo vocês, pais/responsáveis, também se encontram em uso de telas. Servimos de exemplo para todo e qualquer tipo de comportamento. Então é importante esta reflexão.

Outro questionamento é se a utilização de tela está sendo supervisionada. Há grandes riscos de expor seu filho e toda a família em situações de violências, as mais diversas. Então você precisa saber ao que seu filho está tendo acesso e quem pode ter acesso a ele.

Também é importante avaliar se este uso está ocorrendo de forma educativa, tendo em vista a diversidade de jogos e informações que podem sim estimular de forma positiva o seu filho. E ainda se por meio destas atividades educativas é possível aproximar as relações sociais e não afastá-las. A tela não substitui pessoas, e você pode ser o mediador entre seu filho e a tela, assim estará estimulando ele.

Então, avalie se o celular passou a ser o meio pelo qual pune o seu filho, com castigos que intensificam ainda mais o consumo do mesmo. Já que depois de um tempo privado, aumenta a necessidade do uso, sendo o famoso “efeito rebote”. Por isso que acaba as vezes não funcionando muito bem e se funciona, é por um curto espaço de tempo.

E outro ponto, muito importante é, substituir o celular por outras atividades, em especial aquelas que envolvem a família, as relações sociais. É difícil competir com as telas por serem muito atrativas, então é necessário ser mais atrativo que as telas. Claro que isso vai exigir um tempo e disposição, esteja consciente disso e ouse de sua criatividade. Uma dica é lembrar de suas brincadeiras na infância, aquelas que brincava na rua com os seus amigos. Chame os amigos de seu filho para brincar junto também, já que muitas vezes eles apenas não conhecem outras formas de se divertir.

Então prepare-se para os jogos e a diversão começar!

Eu sou a Marina, sou psicóloga e espero ter contribuído na sua vida!

Até a próxima terça-feira, aqui no Clic Paverama!

Referências: MANWELL, Laurie A. et al. Demência digital na geração da Internet: o tempo excessivo de ecrã durante o desenvolvimento do cérebro aumentará o risco de doença de Alzheimer e demências relacionadas na idade adulta. Revista de Neurociência Integrativa , v. 1, pág. 28, 2022.

Formada em psicologia em 2019 Marina realizou especializações em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, Educação Especial e Avaliação Psicológica e atualmente se dedica aos estudos da Neuropsicologia e ABA aplicada para o Transtorno do Espectro Autista e Deficiência Intelectual. Tem experiência também no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e  com atendimentos clínicos para diversos públicos, em especial para Transtornos do Neurodesenvolvimento.

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