Hora da Saúde Mental por Marina Souto Ferreira
Crianças vítimas de enchentes podem sofrer de Transtorno de estresse pós-traumático
O estresse pós-traumático é compreendido como um distúrbio que se caracteriza pela dificuldade de se recuperar após vivência ou testemunho de algum acontecimento assustador. No qual, podem ocorrer gatilhos que trazem lembranças do evento traumático, acompanhada por intensas reações emocionais e físicas, atualmente os efeitos psicológicos advindos de acidentes, violências, além de outras situações traumáticas são reconhecidas.
Cabe salientar que crianças e adolescentes também podem ser afetados com o Transtorno de Estresse pós-traumático (TEPT) “evidências empíricas demonstram que como os eventos estressores ocorridos na infância podem vir a afetar o desenvolvimento do indivíduo e aumentar o risco da manifestação de diversos transtornos, uma vez que geraram prejuízos psicológicos, comportamentais, sociais e cognitivos”(PETERSEN; WAINER, 2009).
No caso de crianças, o olhar precisa estar atento para os detalhes que se manifestam e revelam de forma sutil, sinais de sofrimento e dificuldade de elaborar a situação.
A criança pode apresentar redução da criatividade, com jogos repetitivos e pouco elaborados. Reencenação por meio de jogos e brincadeiras que representem a vivência traumática. Recordar de maneira recorrente o evento. Apresentar pesadelos frequentes com conteúdos desconhecidos. Episódio de flashback ou dissociação. Comportamentos de esquiva: redução das brincadeiras e da socialização. Aumento da excitabilidade: terror noturno; dificuldade para adormecer; concentração diminuída; hipervigilância; resposta exagerada de sobressalto. Podemos destacar ainda os seguintes sintomas: agressões recentes; ansiedade de separação recente; medo de praticar o treino ao toalete sozinho; medo do escuro; quaisquer medos novos de coisas ou situações não relacionadas diretamente ao trauma. Pode ocorrer também no caso de crianças, vários sintomas físicos, tais como dores abdominais e de cabeça. Com isso fica o alerta aos pais e cuidadores para poder auxiliar estas crianças e adolescentes vítimas da enchente.
O que é possível fazer para auxiliar?
Prestar atenção na reação da criança, possibilitar escuta, sem indagações excessivas e acolhimento do evento traumático de forma empática. No entanto, é importante buscar auxílio de um profissional, psicólogo, para realizar avaliação psicológica e orientar a partir dos resultados da avaliação os cuidados necessários para cada caso.
É importante possibilitar que a criança expresse suas emoções por meio do brincar e da arte, de forma livre e indireta, há possibilidade de ir reconstruindo aspectos emocionais e elaborar a situação traumática. Então sugere-se brincar, realizar atividades de desenho, pintura, modelar (massinha de modelar/argila), dentre outras formas artísticas de expressão da emoção.
Eu sou Marina, sou psicóloga e espero de alguma forma ter contribuído na sua vida.
PETERSEN, Circe; WAINER, Ricardo. Terapias cognitivo-comportamentais para crianças e adolescentes. Artmed Editora, 2009.
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Formada em psicologia em 2019 Marina realizou especializações em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, Educação Especial e Avaliação Psicológica e atualmente se dedica aos estudos da Neuropsicologia e ABA aplicada para o Transtorno do Espectro Autista e Deficiência Intelectual. Tem experiência também no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e com atendimentos clínicos para diversos públicos, em especial para Transtornos do Neurodesenvolvimento.
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