Meio Ambiente e Sustentabilidade por Márcio Silva do Amaral

O lixo que nos expõe

A grande enchente que atingiu o Vale do Taquari em maio de 2024 trouxe à tona uma série de desafios e fragilidades, dentre eles a urgente necessidade de uma política pública eficiente para o gerenciamento de resíduos sólidos.

A grande enchente evidenciou essa necessidade de forma muito clara e alarmante. A força das águas arrastou uma grande quantidade de resíduos sólidos, contaminando rios, lagos e áreas urbanas. Isso causou um grave impacto ambiental, afetando a qualidade da água, a saúde da população e a biodiversidade local. O acúmulo de lixo nos sistemas de drenagem contribuiu para o agravamento das inundações, uma vez que impediu o escoamento adequado da água das chuvas.

Os resíduos depositados nas áreas atingidas pela enchente contaminaram o solo, afetando a agricultura e a produção de alimentos. O contato com águas contaminadas e a proliferação de vetores de doenças, como ratos e mosquitos, aumentaram o risco de doenças infecciosas na região.

Políticas públicas eficientes contribuirão para prevenção de enchentes. A redução da quantidade de lixo produzido e a coleta adequada dos resíduos podem evitar o entupimento de bueiros e sistemas de drenagem, diminuindo o risco de inundações.

Temos um cenário mais próximo de nós. Não é necessário ir longe. Basta caminhar pelas cidades e já será possível ver vários locais que se tornaram depósitos de lixo irregulares. Em Paverama uma antiga saibreira na EVP-210 se tornou um grande depósito de lixo. Em Taquari, a rua Cristo Rei entre as comunidades Parque do Meio e Pedreira, se tornou um depósito de lixo a céu aberto. Culpa do poder público? Talvez em parte, mas esses descartes de lixo em locais públicos escancaram como a população se envolve com o assunto quando se trata da geração e o descarte de seus próprios resíduos.

A destinação correta dos resíduos evita a contaminação do solo, da água e do ar, preservando a biodiversidade e garantindo a qualidade de vida da população. A redução da exposição da população a agentes patogênicos presentes nos resíduos contribui para a prevenção de doenças.

A implementação de sistemas de coleta seletiva e a valorização dos resíduos podem gerar empregos e renda para a população.

Medidas mitigadoras poderiam ser implementadas:

  • Coleta seletiva: Implementação de um sistema eficiente de coleta seletiva em todas as cidades do Vale do Taquari, com a separação dos resíduos em suas diferentes categorias (orgânico, plástico, papel, metal, vidro).
  • Educação ambiental: Realização de campanhas de educação ambiental para conscientizar a população sobre a importância da redução, reutilização e reciclagem dos resíduos.
  • Destinação adequada dos resíduos: Criação de infraestrutura adequada para o tratamento e a destinação final dos resíduos, como aterros sanitários e usinas de compostagem.
  • Fiscalização e monitoramento: Intensificação da fiscalização e do monitoramento das atividades de gestão de resíduos, a fim de garantir o cumprimento da legislação ambiental.
  • Investimento em tecnologias limpas: Incentivo ao desenvolvimento e à utilização de tecnologias limpas para o tratamento e a valorização dos resíduos.

A enchente de maio de 2024 no Vale do Taquari demonstrou a urgência de uma política pública eficaz para o gerenciamento de resíduos sólidos. A implementação de medidas como a coleta seletiva, a educação ambiental e a destinação adequada dos resíduos é fundamental para prevenir novas catástrofes, proteger o meio ambiente e promover o desenvolvimento sustentável da região.